sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Papai Capitalista

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

O natal é o mistério da natividade

Mas também há outro mistério, o da produtividade

Das grandes empresas multinacionais

Que exploram os seus funcionários querendo sempre ganhar mais

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

O sentimento de natal é a coisa mais linda

Um sentimento que agente partilha entre os amigos e toda família

Só que esse sentimento é esquecido devagarinho

Agente se preocupa em dar presentes e esquece de dar carinho

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

A fartura é garantida e a ceia é animada

Todo mundo enche a barriga e não lembra mais de nada

Mas eu fico em silêncio pensando em que fazer

Pelas pessoas que passam fome que não tem nada pra comer

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

Eu não acredito na inocência do bom velhinho

Dentro de um shopping center aturando nossos filhinhos

Mas esse personagem se espalhou pelo mundo inteiro

Papai Noel lobo desgraçado em pele de cordeiro

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

O natal virou mais um dia do calendário do capitalismo

Enchendo o bolso dos ricos por causa de nosso consumismo

A busca por presentes virou a nova corrida do ouro

E agente às vezes nem se toca de como que é explorado o povo

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

Está chegando o natal e eu tenho que dar presentes

Pro tio, pra tia, pro primo, pra prima

Pro vô, pra vó, pra namorada e pros pais

Eu já não aguento mais

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

Cadê a Liberdade de Expressão?

São dos poderosos os meios de comunicação

Alienando a mente de toda a população

Através de rádio, jornal e televisão

Controlando toda e qualquer informação

Se aproveitando de nosso comodismo

Pra esconder os seus interesses por de trás de tudo isso

Pois com medo de uma revolução

Eles inibem a livre expressão

Nos entretendo com programas idiotas

E o pior é que tem gente que ainda gosta

Eu quero mais liberdade de expressão

Não essa bosta que eles passam na televisão

Essa canção eu sei que é meio radical

Por isso eu duvido que eles mostrem em rede nacional

Pra você descobrir eu vou te dar uma pista

Quem controla a mídia são esses capitalistas

Que nos impõem a sua ideologia

Esses desgraçados da burguesia

Que jogam o pobre da cidade

Contra o pobre do interior

Promovendo intrigas em nossa sociedade

Ainda dizem que o jovem não tem valor

E pra evitar que o povo possa se organizar

Eles condenam todo movimento social

Chamando estes de arruaceiros

Enquanto na verdade defendem um bom ideal

Eles criam todo um cenário

Pra continuar nos explorando

E cada vez ganhando mais dinheiro

E nessa terra vivemos só vegetando

Eu quero mais liberdade de expressão

Não essa bosta que eles passam na televisão

Essa canção eu sei que é meio radical

Por isso eu duvido que eles mostrem em rede nacional

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Incompetência do Estado faz o povo assaltar o povo

Uma república com jovens estudantes foi assaltada no final da madrugada de segunda-feira(5 de dezembro de 2011) para terça-feira(6) na cidade de Chapecó. Pelo que as evidências mostram o meliante tentou adentrar no apartamento ao lado mas como este tinha alarme e um cachorro o bandido, que estava sozinho, resolveu ir para o apartamento dos estudantes. Ali conseguiu entrar pela janela da sacada que dava acesso a sala a qual ele revirou a procura de objetos de valor.

Em seguida verificou a cozinha e um dos quartos levando, pelo que foi constatado, uma camisa, um par de sapato, um casaco, uma calça jeans, um celular e um molho de chaves com o qual ele poderia ter livre acesso ao edifício e principalmente ao apartamento destes jovens, caso os miolos das fechaduras não tivessem sido trocadas imediatamente.

Mas de quem será a culpa por isso tudo? Dos jovens que descuidaram com a janela? Do ladrão que praticou o assalto? Ou será que tem outro agente que ainda não apareceu na história e que levaria a culpa?

De um lado temos os estudantes que, talvez por um momento de distração e acostumados com a vida tranquila de uma cidade do interior, descuidaram-se com a janela da sala por onde o assaltante entrou. Logo, poderíamos dizer que o culpado foram os jovens por não se certificarem antes de dormir se estava tudo bem fechado. Afinal, Chapecó não é como uma das cidadezinhas do interior de onde eles vieram.

Contudo, considerando o lugar onde a pessoa mora como sendo um dos fatores importantes para a conquista de sua dignidade, ninguém tem o direito de entrar no domicilio alheio e furtar os seus pertences. Desta maneira, observa-se que o ato do assaltante está fora deste padrão, ou seja, estaria fora da média da sociedade ou da consciência coletiva segundo o pensamento durkheimiano. Sendo assim, o real culpado seria o meliante.

Porém, o que realmente está por detrás do acontecimento? Para mim a falha que enxergo na estrutura do Estado é a responsável pelo ocorrido.

Segundo Thomas Hobbes, em sua obra intitulada Leviatã, o Estado surge a partir de um contrato dito social. Para ele a humanidade tende a guerra por cada um querer ser superior ao outro, daí é que vem a célebre frase “o homem é o lobo do homem”. Todavia coloca que com a instituição do Estado está situação de “caos” vem a ruir, tendo o Estado o direito exclusivo de usar a força para punir quem descumpre com as regras e assim preservando uma das leis naturais da humanidade no que diz respeito a preservação da vida, todo homem tende a permanecer vivo.

Entretanto, o Estado falha nesse ponto pois o cidadão que cumpre as normas estabelecidas por muitas vezes acaba sendo vítima daquele que não as respeita, e o sentimento de medo se instala na pessoa violentada pois o Estado não consegue cumprir, ou não quer cumprir, com o seu dever, segundo Hobbes, de oferecer proteção, deixando a população na mesma áurea de caos anterior a criação do Estado.

Porém, alguns teóricos dizem que o estado é a representação do povo e que tem o dever de garantir condições minimas de vida digna para este como educação, saúde, saneamento, moradia, entre outros. Por coincidência, ou não, isto aparece na constituição brasileira no seu artigo quinto.

Será que o Estado realmente disponibiliza tudo isso para a população? Pelo que eu vejo não, e aí encontramos mais uma falha na estrutura do Estado.

Vamos supor que os deveres os quais o Estado tem que cumprir fossem realmente efetivados e o povo tivesse um acesso de qualidade a educação, a saúde e as demais políticas previstas na constituição, será que seria necessário alguém assaltar outra pessoa? Este questionamento se torna pertinente pois caso o Estado como forma legitimadora do modo de produção capitalista funcionasse da forma que os seus defensores argumentam, logo, não existiria desigualdade e esta situação provavelmente não teria ocorrido.

Diante destas argumentações, pode-se considerar que o Estado falha ao não fornecer segurança e nenhuma outra política, desguarnecendo o povo que vira vítima do próprio povo. Na verdade, a estrutura estatal que temos ao fazer um assalto ao povo, no que diz respeito aos impostos mal aplicados ou desviados e aos direitos garantidos porém não respeitados, faz com que o povo assalte o próprio povo.

Então, o assalto praticado contra estes jovens estudantes foi um reflexo do sistema no qual estamos inseridos. Afinal, uma pessoa que não tem educação, nem saúde, nem moradia decente, nem emprego, também não terá dignidade, sendo assim, não tem nada a perder. Não tendo nada a perder, nem mesmo a dignidade, o caminho que lhe resta e a mendicância, a prostituição ou, como neste caso, a criminalidade.

Ou seja, a população só terá segurança a partir do momento que o Estado conseguir garantir os direitos básicos e para isso toda a estrutura terá que mudar. Só assim um ser humano não precisará lesar o outro, quando o Estado não lesar o ser humano. Para isso o Estado tem que ruir pois ele só defende o interesse da elite e também por que, igual, ele não está conseguindo cumprir com os seus deveres e funções.

Eu, Daniel, sou um dos estudantes desta república citada no texto.