sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Riots na Inglaterra: efeitos de uma crise no capital - Parte I

O império capitalista estende o seu domínio pelo mundo como uma praga, e esta situação já dura algumas dezenas de anos. Neste tipo de sociedade, que visa o lucro acima de todas as coisas, as relações estabelecidas entre os seres humanos e, destes com o meio em que vivem, como diz Pedrinho Guareschi na obra Sociologia Crítica: uma alternativa de mudança, é de dominação e exploração. Isto embasa a moral e o comportamento de boa parte das pessoas que vivem neste modo de produção, levando-as a nutrir sentimentos egocêntricos que as coloca em competição umas com as outras. Em uma sociedade ordenada desta maneira o resultado não poderia ser outro que não a questão social e as suas diversas expressões que remetem a crises cíclicas. Um bom exemplo é a atual crise e seus efeitos os quais vamos abordar somente os de um ponto geográfico, a Inglaterra. Daqui para frente falaremos, então, da atual conjuntura deste país a partir de artigos, de distintas visões, publicados nas revistas Veja, Carta Capital e Época, fora alguns artigos publicados no endereço eletrônico Centro de Mídia Independente.

Do Centro de Mídia Independente (CMI) foi retirado cerca de seis artigos falando direta e/ou indiretamente sobre o assunto sendo que um deles analisou, especificamente, o papel da imprensa o qual considero importante entender para compreender algumas visões de certos meios de comunicação. Rodrigo de Oliveira Andrade escreve no texto que a dita missão jornalistica foi sendo substituída aos poucos por uma ideia de prestação de serviços e assim visando resultados econômicos. Andrade ressalta que “...a dominação da prática jornalística pela atividade econômica, aos poucos, desdobra-se no surgimento de um conservadorismo político que tende a boicotar análises críticas à ordem social estabelecida, bem como alternativas ao modelo econômico vigente.”. Ele vai desenvolvendo esta ideia e dando alguns exemplos até chegar na questão da Inglaterra onde analisa a entrevista do sociólogo Sílvio Caccia Bavia ao Globo News. Nesta entrevista, embora Bavia inúmeras vezes tenha tentado contextualizar os fatos, os apresentadores sempre tentavam vincular a imagem dos jovens manifestantes como ladrões, criminosos, saqueadores, entre outros termos pejorativos, sem levar em consideração toda a situação econômica a qual é de extrema importância para que os telespectadores da Globo News entendam a real conjuntura das manifestações inglesas. Andrade termina a matéria dizendo: “...ao atribuir aos jovens manifestantes a alcunha de 'criminosos', a grande imprensa objetiva minimizar o viés sócio-político dos protestos, ocultando os efeitos de um sistema econômico excludente.”. Importante ressaltar que o jornalista omitindo sua opinião não tem o intuito de dizer que todos os meios de comunicação agem assim, até por que ele se utiliza de um desses meios. A crítica dele é direcionada a grande mídia. Neste contexto, segue, como mencionado no primeiro parágrafo, distintas visões, diferentes posicionamentos sobre o mesmo fato.

Na revista Veja o repórter Duda Teixeira, restringe-se em dizer que o problema não é de âmbito político mas sim de âmbito moral de cada indivíduo e que esse “...vandalismo que engolfou a Inglaterra mostra o que acontece quando o estado abdica de usar a força para proteger os cidadãos honestos.” trazendo, também, alguns questionamentos para sustentar a sua opinião. Teixeira cita o editorial do jornal New York Times o qual fala sobre o programa de austeridade e os cortes no gasto público, “'... de bibliotecas à polícia.'”, e a culpabilidade que isto tem referente as manifestações retratando, também, os saques de roupas de grife como uma justiça social que estava sendo feita pelos “'jovens desesperançados'”. Em seguida questiona o Times da seguinte maneira: “Corte de gastos, jovens sem oportunidades?” e prossegue dizendo que o primeiro argumento cai por terra pois o tal programa de austeridade ainda está no campo das promessas e sobre o segundo relata que acha muito difícil ver “...os vândalos da semana passada tornando-se subitamente alegres e gentis ao saber que as bibliotecas públicas não serão mais fechadas.”

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