sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Papai Capitalista

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

O natal é o mistério da natividade

Mas também há outro mistério, o da produtividade

Das grandes empresas multinacionais

Que exploram os seus funcionários querendo sempre ganhar mais

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

O sentimento de natal é a coisa mais linda

Um sentimento que agente partilha entre os amigos e toda família

Só que esse sentimento é esquecido devagarinho

Agente se preocupa em dar presentes e esquece de dar carinho

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

A fartura é garantida e a ceia é animada

Todo mundo enche a barriga e não lembra mais de nada

Mas eu fico em silêncio pensando em que fazer

Pelas pessoas que passam fome que não tem nada pra comer

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

Eu não acredito na inocência do bom velhinho

Dentro de um shopping center aturando nossos filhinhos

Mas esse personagem se espalhou pelo mundo inteiro

Papai Noel lobo desgraçado em pele de cordeiro

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

O natal virou mais um dia do calendário do capitalismo

Enchendo o bolso dos ricos por causa de nosso consumismo

A busca por presentes virou a nova corrida do ouro

E agente às vezes nem se toca de como que é explorado o povo

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

Está chegando o natal e eu tenho que dar presentes

Pro tio, pra tia, pro primo, pra prima

Pro vô, pra vó, pra namorada e pros pais

Eu já não aguento mais

Papai capitalista não é papai Noel

O único papai que acredito é o papai que está no céu

Cadê a Liberdade de Expressão?

São dos poderosos os meios de comunicação

Alienando a mente de toda a população

Através de rádio, jornal e televisão

Controlando toda e qualquer informação

Se aproveitando de nosso comodismo

Pra esconder os seus interesses por de trás de tudo isso

Pois com medo de uma revolução

Eles inibem a livre expressão

Nos entretendo com programas idiotas

E o pior é que tem gente que ainda gosta

Eu quero mais liberdade de expressão

Não essa bosta que eles passam na televisão

Essa canção eu sei que é meio radical

Por isso eu duvido que eles mostrem em rede nacional

Pra você descobrir eu vou te dar uma pista

Quem controla a mídia são esses capitalistas

Que nos impõem a sua ideologia

Esses desgraçados da burguesia

Que jogam o pobre da cidade

Contra o pobre do interior

Promovendo intrigas em nossa sociedade

Ainda dizem que o jovem não tem valor

E pra evitar que o povo possa se organizar

Eles condenam todo movimento social

Chamando estes de arruaceiros

Enquanto na verdade defendem um bom ideal

Eles criam todo um cenário

Pra continuar nos explorando

E cada vez ganhando mais dinheiro

E nessa terra vivemos só vegetando

Eu quero mais liberdade de expressão

Não essa bosta que eles passam na televisão

Essa canção eu sei que é meio radical

Por isso eu duvido que eles mostrem em rede nacional

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Incompetência do Estado faz o povo assaltar o povo

Uma república com jovens estudantes foi assaltada no final da madrugada de segunda-feira(5 de dezembro de 2011) para terça-feira(6) na cidade de Chapecó. Pelo que as evidências mostram o meliante tentou adentrar no apartamento ao lado mas como este tinha alarme e um cachorro o bandido, que estava sozinho, resolveu ir para o apartamento dos estudantes. Ali conseguiu entrar pela janela da sacada que dava acesso a sala a qual ele revirou a procura de objetos de valor.

Em seguida verificou a cozinha e um dos quartos levando, pelo que foi constatado, uma camisa, um par de sapato, um casaco, uma calça jeans, um celular e um molho de chaves com o qual ele poderia ter livre acesso ao edifício e principalmente ao apartamento destes jovens, caso os miolos das fechaduras não tivessem sido trocadas imediatamente.

Mas de quem será a culpa por isso tudo? Dos jovens que descuidaram com a janela? Do ladrão que praticou o assalto? Ou será que tem outro agente que ainda não apareceu na história e que levaria a culpa?

De um lado temos os estudantes que, talvez por um momento de distração e acostumados com a vida tranquila de uma cidade do interior, descuidaram-se com a janela da sala por onde o assaltante entrou. Logo, poderíamos dizer que o culpado foram os jovens por não se certificarem antes de dormir se estava tudo bem fechado. Afinal, Chapecó não é como uma das cidadezinhas do interior de onde eles vieram.

Contudo, considerando o lugar onde a pessoa mora como sendo um dos fatores importantes para a conquista de sua dignidade, ninguém tem o direito de entrar no domicilio alheio e furtar os seus pertences. Desta maneira, observa-se que o ato do assaltante está fora deste padrão, ou seja, estaria fora da média da sociedade ou da consciência coletiva segundo o pensamento durkheimiano. Sendo assim, o real culpado seria o meliante.

Porém, o que realmente está por detrás do acontecimento? Para mim a falha que enxergo na estrutura do Estado é a responsável pelo ocorrido.

Segundo Thomas Hobbes, em sua obra intitulada Leviatã, o Estado surge a partir de um contrato dito social. Para ele a humanidade tende a guerra por cada um querer ser superior ao outro, daí é que vem a célebre frase “o homem é o lobo do homem”. Todavia coloca que com a instituição do Estado está situação de “caos” vem a ruir, tendo o Estado o direito exclusivo de usar a força para punir quem descumpre com as regras e assim preservando uma das leis naturais da humanidade no que diz respeito a preservação da vida, todo homem tende a permanecer vivo.

Entretanto, o Estado falha nesse ponto pois o cidadão que cumpre as normas estabelecidas por muitas vezes acaba sendo vítima daquele que não as respeita, e o sentimento de medo se instala na pessoa violentada pois o Estado não consegue cumprir, ou não quer cumprir, com o seu dever, segundo Hobbes, de oferecer proteção, deixando a população na mesma áurea de caos anterior a criação do Estado.

Porém, alguns teóricos dizem que o estado é a representação do povo e que tem o dever de garantir condições minimas de vida digna para este como educação, saúde, saneamento, moradia, entre outros. Por coincidência, ou não, isto aparece na constituição brasileira no seu artigo quinto.

Será que o Estado realmente disponibiliza tudo isso para a população? Pelo que eu vejo não, e aí encontramos mais uma falha na estrutura do Estado.

Vamos supor que os deveres os quais o Estado tem que cumprir fossem realmente efetivados e o povo tivesse um acesso de qualidade a educação, a saúde e as demais políticas previstas na constituição, será que seria necessário alguém assaltar outra pessoa? Este questionamento se torna pertinente pois caso o Estado como forma legitimadora do modo de produção capitalista funcionasse da forma que os seus defensores argumentam, logo, não existiria desigualdade e esta situação provavelmente não teria ocorrido.

Diante destas argumentações, pode-se considerar que o Estado falha ao não fornecer segurança e nenhuma outra política, desguarnecendo o povo que vira vítima do próprio povo. Na verdade, a estrutura estatal que temos ao fazer um assalto ao povo, no que diz respeito aos impostos mal aplicados ou desviados e aos direitos garantidos porém não respeitados, faz com que o povo assalte o próprio povo.

Então, o assalto praticado contra estes jovens estudantes foi um reflexo do sistema no qual estamos inseridos. Afinal, uma pessoa que não tem educação, nem saúde, nem moradia decente, nem emprego, também não terá dignidade, sendo assim, não tem nada a perder. Não tendo nada a perder, nem mesmo a dignidade, o caminho que lhe resta e a mendicância, a prostituição ou, como neste caso, a criminalidade.

Ou seja, a população só terá segurança a partir do momento que o Estado conseguir garantir os direitos básicos e para isso toda a estrutura terá que mudar. Só assim um ser humano não precisará lesar o outro, quando o Estado não lesar o ser humano. Para isso o Estado tem que ruir pois ele só defende o interesse da elite e também por que, igual, ele não está conseguindo cumprir com os seus deveres e funções.

Eu, Daniel, sou um dos estudantes desta república citada no texto.

sábado, 26 de novembro de 2011

Um olhar sobre A Revolução dos Bichos

A Revolução dos Bichos (Edição Ridendo Castigat Mores, 2000, 144 páginas) do autor George Orwel, traz de maneira fictícia as diversas relações que se estabelecem em uma sociedade, sendo a sua obra distribuída em dez capítulos.

Antes de adentrar na crítica sobre A Revolução dos Bichos, acredito ser importante fazer a conexão dos personagens da obra com os personagens do nosso cotidiano comparando o granjeiro Jones e o restante do dito gênero humano com a burguesia e os animais com o proletariado.

Pois bem, Orwel começa sua obra ilustrando uma sociedade de cunho capitalista e as relações as quais dão base para a sua estruturação. Estas relações que se apresentam no bojo de uma sociedade pautada pelo modo de produção capitalista são a de exploração e a de dominação. A primeira acontece pois o granjeiro Jones ao usufruir dos bens de consumo produzidos pela força de trabalho dos animais está retirando deles o que não é seu e sim dos próprios animais fato que dá base a relação de exploração. Já a segunda acontece pois os animais não possuem os meios de produção, no caso a terra, e assim são sujeitados a trabalharem para quem as possui, Jones, com o objetivo de sobreviverem, logo, estabelece-se a relação de dominação por conta de Jones ser dono das terras sendo que o termo dono e dominação tem a mesma origem etimológica.

A ilustração desta sociedade capitalista é perceptível no discurso do personagem Major, um porco respeitado pelos demais animais e que já tinha certa idade, que além de contextualizar a situação na qual viviam contava um sonho que tinha tido sobre uma sociedade justa e fraterna onde os animais não sofreriam mais os abusos causados pelo gênero humano. Em sua contextualização Major descreve a sociedade vigente de maneira que muito se assemelha com a linha de pensamento marxista. Por exemplo, ao falar da certeza de que a revolução acontecerá o autor deixa transparecer no discurso do personagem a influência que Marx teve de Hegel no que diz respeito a dialética. A dialética nos traz uma ideia da existência da contradição em tudo que há a nossa volta e a partir desta leitura Marx desenvolve o pensamento de antagonismo de classes que no capitalismo se refere a burguesia e ao proletariado.

Ao diagnosticar, então, a perspectiva marxista no personagem Major, pode-se considerar que a sociedade com a qual ele sonhou é a comunista. Em relação a isso encontramos a ideia de revolução que, na linha marxista, levará a derrubada da burguesia e a instituição de um comunismo puro.

Para finalizar a parte que fala do Major cito outro ponto de ligação com a teoria marxista, o comunismo primitivo. Este conceito presente na linha de pensamento de Karl Marx é perceptível quando o personagem Major fala sobre uma música a qual ele tem a certeza que já foi cantada “pelos animais de antanho”. O que seria esses animais de antanho senão a raça humana pré-histórica a qual Marx dizia que viviam em um comunismo primitivo?

No segundo capitulo, Orwel ilustra o inicio de uma organização por parte do proletariado, após o falecimento do Major, representado na figura dos animais. Estes começam a fazer reuniões secretas para que pudessem se preparar para a revolução. Ainda no segundo capitulo, devido ao agravamento da situação de fome por causa da crise, algo típico do capitalismo, pela qual passava a Granja de Jones a revolução se encaminha de maneira natural, sem ter sido planejada, com a expulsão do gênero humano e a tomada do poder.

Pelos capítulos três e quatro se desenvolve a organização da granja pós revolução nos moldes comunistas. A organização vinha dando certo apesar de alguns contratempos. Neste momento, desponta na granja dois personagens, Bola-de-Neve e Napoleão. O primeiro era um seguidor convicto dos ensinamentos de Major enquanto o outro no decorrer do capitulo cinco deflagra um golpe expulsando Bola-de-Neve da granja e tomando o poder pela força. A partir daí a democracia instaurada com decisões tomadas em assembleias cai por terra e Napoleão passa a concentrar as decisões em torno de sua pessoa.

No restante do livro vários fatos vão ocorrendo é que demonstram o novo caráter do regime o qual passou a ter características puramente totalitárias fugindo do ideal comunista proposto com a revolução.

Ao chegar no último capitulo, encontra-se uma passagem na qual Napoleão convida granjeiros da região para um jantar com o intuito de se aproximar destes e aprofundar as relações comerciais já estabelecidas a algum tempo. No decorrer da janta a conversa era tão alta devido a ingestão de álcool que os demais animais da granja foram espiar para ver o que estava acontecendo. Os animais não conseguiam destingir quem era porco e quem era ser humano. Isto me leva a pensar que na figura do porco o autor quis representar a sujeira da raça humana.

Tendo em vista a metáfora feita com os personagens, nota-se que o cachorro foi utilizado para representar a força militar que sempre está do lado do poder como força repressiva e coercitiva, e a figura do cavalo representa a parte da população alienada pois o cavalo tem um campo de visão limitado, assim o povo representado por esse personagem tem a característica de acreditar em tudo o que falam para ele. Um exemplo disso é a máxima utilizada pelo personagem Sansão: “Napoleão tem sempre razão.”.

Enfim, está é uma boa obra mas somente para quem tem um minimo de conhecimento sobre o assunto que o autor desenvolve através de metáforas. Por exemplo, para um professor utilizar com os seus educandos no ensino médio deve antes tratar de fatos históricos e ideológicos para prepará-los previamente antes da leitura.

Falando um pouco sobre George Orwel, que na verdade é o pseudônimo de Eric Arthur Blair, é importante ressaltar que ele foi um libertário socialista que lutou na Guerra Civil Espanhola e que, segundo Nélson Jahr Garcia na apresentação do livro, tinha “aversão a toda espécie de autoritarismo, seja ele familiar, comunitário, estatal, capitalista ou comunista.”. Nasceu em Bengala na Índia no ano de 1903 e faleceu na Inglaterra no ano de 1950 devido a tuberculose. Além de A Revolução dos Bichos (1945) escreveu, Na Pior em Paris e Londres (1933), Dias na Brimânia (1934), O Caminho de Wigan (1937), Por que escrevo (1946) e 1984 (1949).

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Apoio aos estudantes e professores da Universidade Federal de Rondônia

Abaixo segue, na integra, um artigo publicado, no Centro de Mídia Independente, por um grevista da Unir sobre a repressão feita à greve na Universidade Federal de Rondônia. Vamos fazer ouvir este grito...


Repressão à greve com ocupação na Universidade Federal de Rondônia
Por Por Grevista da Unir 02/11/2011 às 21:14

A Universidade Federal de Rondônia está em greve há 46 dias e ninguém fora de Rondônia sabe disso.

Compartilho com vocês a angústia de estar no estado mais periférico do Brasil. A Universidade Federal de Rondônia está em greve há 46 dias (desde 14 de setembro) e ninguém fora de Rondônia sabe disso. A Reitoria está ocupada pelos estudantes há 25 dias. Ocupada significa fechada.

Um professor de História foi preso arbitrariamente pela Polícia Federal enquanto chupava um pirulito. Os bombeiros condenaram o campus universitário. Os departamentos de Biologia e Química são praticamente bombas-relógio.

Todo dinheiro que entra pelo REUNI some num buraco negro e grande parte das vagas que o MEC manda são ocupadas por favorecidos pela Administração Superior.

Pedimos o afastamento do Reitor, mas ele não renuncia. Pedimos intervenção do MEC, mas demora. Resta fazer pressão e divulgar a greve fora de Rondônia. Aqui temos o apoio da mídia local e da sociedade (que traz comida e diesel pro gerador da Reitoria - cortaram a energia).

Estamos no faroeste.
Novas informações: Universidade Federal de Rondônia pede socorro

Caros amigos e colegas,
No Estado de Rondônia, hoje, alunos estão sendo ameaçados, professores universitários presos, deputados agredidos pela polícia federal e jornalistas coagidos por essa mesma polícia.A seguir alguns links para melhor situá-los:

http://www.oobservador.com/nacional/professores-estudantes-e-jornalistas-estao-sob-ameaca-da-pf-em-rondonia-denuncia-movimento-grevista.html

http://candidoneto.blogspot.com/2011/10/prossegue-luta-na-unir-e-policia.html

http://www.sidneyrezende.com/noticia/150527+greve+na+universidade+federal+de+rondonia+nao+tem+previsao+de+acabar

Resumidamente, em meados de setembro deste ano, professores e alunos da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) entraram em greve, não por melhorias salariais, mas por melhores condições de trabalho e estudo.

Vão aí, a título de ilustração, mais dois links com fotos do estado de nosso campus em Porto Velho e um terceiro link, com um laudo técnico do corpo de bombeiros tornado público nesta semana:
Link com fotos 01:
http://www.rondoniagora.com/imagens/exclusivo/UNIR_ABANDONO/pages/index001.htm
Link com fotos 02:
http://www.rondoniagora.com/imagens/exclusivo/UNIR_ABANDONO2/pages/index001.htm
Laudo do Corpo de Bombeiros sobre o campus de Porto Velho:
http://pt.scribd.com/doc/70785551/Laudo-bombeiros

Em resposta a pauta grevista, a administração da Universidade disse que as reivindicações por melhorias não fariam sentido, já que a Universidade, por mais que apresentasse problemas, estava bem, obrigado.

Aos poucos, o movimento dos alunos se transformou em um movimento para afastamento da administração atual, por entender que havia uma série de denúncias (em licitações, obras, recursos, fundação de apoio, concursos públicos, etc.) que precisavam ser tiradas a limpo. Ato contínuo, o movimento grevista montou um dossiê de 1.500 páginas onde essas denúncias eram sistematizadas e foi a Brasilia, encaminha-las ao MEC e a Casa Civil, da Presidência da República.

Na Casa Civil, com todas as letras, ouviram de um assessor que uma vez que a administração atual da Universidade contava com o apoio de um político da executiva nacional do PMDB, base aliada do Governo Federal no Congresso, nada haveria a ser feito.

Há alguns dias a Polícia Federal, em uma tentativa desastrada (e desastrosa) de descoupação do prédio da Reitoria, ocupada por alunos da instituição há quase um mês, acabou agredindo um Deputado Federal que lá estava, tentando negociar (Deputado Mauro Nazif, PSB-RO) e prendendo um professor, que nada fazia a não ser observar a cena.

Abaixo alguns vídeos mostrando o momento da prisão do Prof. Valdir Aparecido, do Departamento de História (Campus de Porto Velho), bem como a agressão ao parlamentar:

Outro vídeo ainda pode ser visto aqui.

Já o link abaixo contém uma foto do mesmo momento da prisão onde se vê, de branco, ao centro, o prof. Valdir sendo levado por dois agentes a paisana (um moreno, a esquerda, com uma pistola na mão e outro, a direita, de camisa vermelha, com um cassetete, que daí a alguns segundos seria utilizado para agredir o Deputado Nazif, de camisa azul clara, no alto da imagem, à direita). De laranja, no canto esquerdo da foto, um rapaz que se identificou como agente da PF, carregando uma câmera subtraída de um dos professores que teria registrado parte da confusão):

http://www.rondoniagora.com/noticias/nazif-reafirma-agressao-de-agente-federal-e-identifica-agressor-2011-10-21.htm

Naquela mesma noite o Prof. Valdir foi encaminhado a um presídio comum, chamado ?Urso Panda?, onde passou a noite em uma cela.

Alguns dias após o ocorrido, um jornalista local foi coagido por Policiais Federais, por publicar notícias apoiando a greve na Universidade. Veja aqui.

Esta é, basicamente, a situação por aqui: agressão, medo, coersão e ameaças, fazendo uso da máquina pública e de agentes que deveriam proteger-nos.

O que nos parece, aqui em Porto Velho, é que tanto essas ações truculentas quanto a conivência do Governo Federal e a invisibilidade da questão na imprensa nacional se deve, sobretudo, ao fato de nosso reitor ser aliado político e amigo pessoal de membros da direção do maior partido da base aliada do Governo Federal.

Longe de mim acusar quem quer que seja. Afinal, é bem possível que todos os implicados nessa história sejam absolutamente inocentes e/ou tenham agido de boa fé. Entretanto, a única forma de garantirmos transparência no processo de investigação nos fatos aqui relatados divulgando esses acontecimentos junto aos nossos contatos em OnGs, Governo, imprensa, academia e associações científicas.

Saiba mais através do blog do Comando de Greve:
http://comandodegreveunir.blogspot.com/

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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ser ou Ter, és a questão!

Ser humano é bicho racional

Ou será que é irracional?

Hoje o ser humano não é humano

E alguns poucos são “ter humano”

E se eles são “ter humano”

Todo grande resto não é humano

São apenas objetos

Ou quem sabe são máquinas

Ou ainda peças da máquina

E se estes são assim

Aqueles não podem ter humano

Aí está a grande confusão

Não sabemos o que somos

E nem pra onde vamos

Assim não dá pra viver não

É tanta fome miséria e destruição

Tudo por causa da riqueza e sua acumulação

Eles usam da razão para realizarem os seus desejos

Através da filosofia da linguagem

Planta em nós também desejos

Mas que tremenda sacanagem

Nossos desejos nunca serão alcançados

Já o desejo deles estes sim serão realizados

Porém vão criar mais desejos

Pois não vão ter ainda satisfação

E quem paga por isso é o oprimido

Continuando a exploração

Esquecemos o que é necessário

O que nos basta para viver

E para alguns atingirem o “paraíso”

Outros tantos tem que sofrer

E até morrer

Somos estética

E não temos essência

Somos estética

E não temos consciência

Somos apenas estética

E precisamos de resistência

Para lutar contra o capital

Pois a nova sociedade só surgirá

Se mudarmos a rede de conversação

Voltando a condição de ser humano

Acabando assim com a opressão


Vejam mais em: http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=54426

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Riots na Inglaterra: efeitos de uma crise no capital - Parte IV

Também no CMI, encontra-se outro texto, desta vez da Cris Rodrigues, que aborda a dita violência dos últimos dias como reflexo da questão social. A jornalista coloca que algumas pessoas consideram os atos como vandalismo e outras dizem que na Inglaterra não existem pobres, e ela questiona “Mas então por que tanta gente teria essa índole supostamente má em um mesmo lugar ao mesmo tempo? É sinal de que alguma coisa não vai bem na terra da rainha.”. Ela diz se usar de uma explicação de um lojista britânico chamado Ken Smith. Segundo Rodrigues o lojista acredita que “...há diversas causas escondidas no que muitos vêem apenas vandalismo...” e diz também que “...falta educação, disciplina e valores, o que faz com que as crianças não entendam quando estão indo muito longe e ultrapassam os limites.” e “...o problema vem de uma ou duas décadas atrás e reside na diferença de classes[...]incentivada pela mídia.[...]'A TV diz o que você tem que vestir. As crianças querem roupas legais, tênis, celulares. E quando elas não têm as coisas elas ficam frustradas.'”. Relata também o rígido posicionamento do governo inglês em tratar os riots como atos criminosos e o resultado disso aparece no número de prisões: “Já são mais de 1.100 pessoas presas na Inglaterra, 805 só em Londres...”. Parece que isto serviu para trazer a paz novamente nas ruas inglesas, pelo menos aparentemente. Conclui alertando que se o governo tratar o acontecido “...como um sangramento já estancado, ele vai voltar a abrir.”.

Diante destes vários artigos, observa-se duas linhas distintas uma que explica o fato ocorrido como simples vandalismo e uma segunda que dá a sua explicação através da analise econômica e política. De minha parte, acredito na segunda como a mais correta por discorrer sobre as manifestações, analisando-as a partir do todo, da complexidade. Fazer uma explicativa a partir da primeira linha é dizer que o ser humano pode ser explicado a partir de um viés apenas, ou político, ou cultural, ou biológico, ou psicológico, ou social, porém, o ser humano é composto por tudo isso e muito mais, é um ser complexo e sendo assim se analisarmos ele somente por um viés vamos cometer o erro de não explicar tudo sobre ele. O mesmo acontece com os riots, para explicá-los em sua totalidade precisamos olhar para a complexidade existente, destruindo assim com depoimentos como o do primeiro-ministro David Cameron o qual deixava transparecer em sua afirmação que a situação nada tinha a ver com economia ou política. Para as pessoas que continuam seguras de que tudo foi realmente vandalismo eu questiono, como vocês explicam o elevado número de pessoas envolvidas nos riots? Será que eram todos vândalos por natureza? Mas, por que tantas pessoas resolveram praticar atos de vandalismo ao mesmo tempo? É por que vocês viram na mídia? Mas quem que a grande mídia representa, e quais interesses representa? Enquanto vivermos em uma sociedade onde um grupo minoritário de pessoas acumulam as riquezas explorando, dominando e excluindo a outra parte da população, a maioria, esses tipos de coisa vão continuar acontecendo e a culpa continuará sendo do povo.

E gritam os jovens ingleses, espanhóis, gregos, chilenos...



Riots na Inglaterra: efeitos de uma crise no capital - Parte III

Marcelo Justo em texto encontrado no CMI retrata o endurecimento da justiça britânica e a criminalização dos protestos. Mostra, apresentando fatos, que instalou-se uma desproporção entre delitos e castigos. Coloca como exemplo a condenação de três homens a um total de dois anos de prisão sendo que o máximo previsto em lei é de seis messes para o tipo de delido que eles tinham cometido sem levar em consideração que os condenados tinham assumido a responsabilidade pelos seus atos, fato geralmente atenuante. Marcelo diz que Novello Noades, uma magistrada de um bairro do sul de Londres falou: “...que o governo havia passado uma orientação recomendando aos juízes que ditassem penas de prisão para os responsáveis por delitos.”, e realmente a ligação do judiciário com o político e perceptível como traz Marcelo em uma frase de Cameron ao regressar urgentemente de suas férias: “...não deixaria que uma 'falsa concepção' dos direitos humanos obstaculizasse a segurança.” e “'Espero que caia sobre eles todo o peso da lei...'”. Marcelo parafraseia Michael Mansfield, famoso advogado inglês no que ele diz: “'Celebramos o protesto no mundo árabe e condenamos seus governos pelo uso da força. Enquanto isso criminalizamos o protesto aqui. Isso é uma tentativa de intimidação para que as pessoas deixem de se manifestar.”

No CMI também foi publicado um texto da Agência de Notícias Anarquistas (ANA) com o título “Nós não estamos saqueando, o que fazemos é expressar a existência de um problema”, frase pronunciada por um jovem negro encapuzado, que participava dos protestos, em entrevista para o channel 4. Porém a ANA coloca que esta entrevista é uma ilha no meio de tantas entrevistas as quais entram, 'coincidentemente', em consonância com as declarações do primeiro-ministro David Cameron. Neste contexto de utilização da mídia a agência declara: “Enquanto a imprensa entrevista fundamentalmente a proprietários de pequenos comércios ou de carros particulares, a maioria dos locais atacados pertencem a grandes empresas.”. Estas empresas citadas na matéria são, entre elas, uma fábrica da Sony queimada, 25 sedes da Orange e T-Mobile e 20 da Vodafone assaltadas. Na visão da ANA “A imprensa e os políticos tentam a todo custo reforçar sua visão de que tudo se resume a um problema de gangues juvenis, evitando destacar como uma das causas a crise econômica ou a situação social e econômica dos jovens...” e finaliza em seguida dizendo que “Para isso colocam o foco em alguns atos indiscriminados fora de contexto, mas por baixo de toda essa versão subjacente há, claramente, um conflito de classe.”.

Fábio M. Michel da Rede Brasil Atual, em matéria encontrada no CMI, relata que a “Europa teme que acontecimentos de Londres disseminem explosão de violência”. Michel diz que embora o governo negue as manifestações como reflexo da crise econômica a imprensa local já está admitindo a incerteza de grande parte da juventude com relação ao futuro como uma razão dos protestos. Posteriormente aborda, como diz o título de sua matéria, o temor cujo o continente europeu tem que as ondas de violência na Inglaterra se espalhem: “A Irlanda anunciou medidas para fechar as portas para novos imigrantes. Na Itália, ensaiam-se grandes protestos públicos. A França vive o pesadelo de ver repetidas as contundentes manifestações de 2005...”. Deixa transparecer em seu texto que segundo analistas um dos motivos de toda essa situação é o fato de parte da população se sentir “...alijada de apoio público diante de ajudas bilionárias oferecidas a bancos a partir de 2008.” e encerra citando uma entrevista da BBC com o sociólogo Jean-Marc Stébé: “...'os jovens estão pessimistas' com o cenário econômico europeu. 'Eles recebem propostas de trabalhos ruins e salários baixos'...”

Riots na Inglaterra: efeitos de uma crise no capital - Parte II

Na Carta Capital o jornalista Rodrigo Pinto apresenta o assunto como “Marcha à ré na história” e continua “Como nos anos 80 de Thatcher, a periferia recusa-se a pagar a conta”. Ele faz menção ao governo de Margaret Thatcher no início dos anos oitenta, comparando-o com a situação do atual governo de David Cameron. Isto pois, como a trinta anos atrás, a nação inglesa está passando por uma profunda crise onde a taxa de desemprego, principalmente, entre os jovens de 16 a 24 anos, é altíssima , e as “manifestações espontâneas e sem uma clara liderança”, denominadas pelo termo em inglês de riots, estão eclodindo por toda a periferia. O jornalista diz que os conservadores estão usando a crise como desculpa para abolir o Estado de Bem-Estar Social alegando que este falhou na geração de empregos e no combate a pobreza. Com isso, o Estado, de orientação conservadora tanto por parte do primeiro-ministro David Cameron quanto por parte do prefeito de Londres Boris Johnson, na tentativa de controlar a inflação, recorrem aos cortes nos gastos públicos, fato semelhante com o governo de Thatcher. Segundo Rodrigo, esses cortes “...nas bolsas-educação e o fechamento dos Centros da Juventude...” são “...medidas do governo, que incluem reformas no sistema de pensão e cortes nos auxílios-moradia e maternidade...”. O repórter relata que Nina Power, professora do Departamento de humanidades da Universidade de Roehampton, foi a primeira a escrever aos jornais “...criticando a teoria de que os distúrbios eram um assunto de segurança pública e pedindo à imprensa que contextualizasse os fatos.”. Em seguida, conselheiros dos bairros de Londres ao serem entrevistados fizeram pressão ao vivo para que fosse feita uma revisão sobre os cortes que o governo tinha realizado nos gastos sociais. Em contraponto o prefeito Johnson “...sugeriu que a mídia parasse de 'dar ouvidos a justificativas econômicas e sociais'.”. Rodrigo finaliza a reportagem falando sobre as advertências que Eric Pickles, secretário de Comunidades, fez aos seus superiores sobre o impacto das reformas encaminhadas pelo governo: “As medidas fariam mais de 40 mil famílias se tornarem tecnicamente sem-teto, apagando os efeitos da economia de cerca de 270 milhões de libras em benefícios cortados, já que seria necessário retirar as pessoas das ruas.”

Na revista Época o jornalista Rogério Simões dá o título “Reino desunido” e coloca a baixo a seguinte frase “Os saques e incêndios em Londres expõem o fracasso do modelo social britânico, baseado na convivência distanciada entre diferentes culturas”. Em seguida começa o texto abordando a iniciativa do jovem britânico Sam Pepper que, chocado com as cenas de violência, lançou na internet a Operação Xícara de Chá a qual se originou com uma página de Facebook e devido a vários adeptos, cerca de trezentos mil fãs, evolui para um site “...onde todos são convidados a publicar uma foto saboreando a bebida preferida da era vitoriana.”. O repórter traz este fato à tona para ilustrar que os riots não atingiram somente lojas, edifícios, entre outros, mas também a cultura britânica. A dita iniciativa tem por objetivo fortalecer os valores tradicionais os quais segundo o próprio primeiro-ministro David Cameron diz que parte da população deixou de lado tais valores, “...partes da sociedade britânica estão 'não apenas quebradas, mas doentes.'”, afirma o chefe de Estado. Rogério coloca os riots como um abalo no orgulho inglês de ter uma certa diversidade cultural adquirida no período pós segunda guerra mundial com a abertura à imigração sendo que desde a década de setenta o país adota o multiculturalismo prevendo “...o respeito às pessoas e culturas que chegam do exterior, desde que elas não alterem o modo de vida local, baseado na privacidade e modesta interação social.”. O jornalista mostra a informação de que o aumento da imigração e o crescimento econômico andaram juntos de 1992 a 2008, porém “A crise econômica que se arrasta há três anos colocou a taxa de desemprego para jovens até 24 anos em 20%. O governo, de coalizão, fruto de uma era de indefinição política, adotou um plano de austeridade com cortes de 20% nos gastos públicos.”, e assim o Estado acabou perdendo “...a capacidade de oferecer a prosperidade que garantia a jovens pobres, na maioria filhos e netos de imigrantes, um quinhão do sonho britânico.” fazendo ruir o contrato social.

Em texto publicado no CMI a jornalista Naomi Klein aborda o fato como “Os saqueadores do dia contra os saqueadores da noite”. Fala sobre o saque que a elite comete contra a população pelo mundo a fora em plena luz do dia, de maneira escancarada. Ela relembra dois momentos recentes, na história, de saques feitos pelo povo, um em Bagdá apos invasão das tropas estadunidenses e outro na Argentina durante uma profunda crise econômica. A visão que se tinha dos saques em Bagdá era extremamente política, reflexo de inúmeros saques anteriores por parte de Saddam e seus filhos deixando os iraquianos descontentes e no 'direito' de saquear também. Mas os saques ocorreram em uma nação dita democrática, a Argentina. Este país enfrentava uma crise provocada pela expansão do neoliberalismo e a população se dirigiu aos mercados estrangeiros instalados ali para saquearem aquilo que elas não conseguiam mais adquirir e quando o governo quis controlar a situação os manifestantes foram lá e derrubaram o governo. Ela coloca em relação a isto que os ingleses dizem que lá não existem tumultos e “...sim crianças sem lei, que se aproveitam de uma situação, para roubar o que não lhes pertence. E a sociedade britânica, diz-nos Cameron, 'tem ojeriza a esse tipo de gente mal comportada.'”. Resumindo a ideia de Klein, ela nos diz que os saques noturnos cometidos pelo povo acontece em decorrência dos saques diários cometidos pela burguesia.

Riots na Inglaterra: efeitos de uma crise no capital - Parte I

O império capitalista estende o seu domínio pelo mundo como uma praga, e esta situação já dura algumas dezenas de anos. Neste tipo de sociedade, que visa o lucro acima de todas as coisas, as relações estabelecidas entre os seres humanos e, destes com o meio em que vivem, como diz Pedrinho Guareschi na obra Sociologia Crítica: uma alternativa de mudança, é de dominação e exploração. Isto embasa a moral e o comportamento de boa parte das pessoas que vivem neste modo de produção, levando-as a nutrir sentimentos egocêntricos que as coloca em competição umas com as outras. Em uma sociedade ordenada desta maneira o resultado não poderia ser outro que não a questão social e as suas diversas expressões que remetem a crises cíclicas. Um bom exemplo é a atual crise e seus efeitos os quais vamos abordar somente os de um ponto geográfico, a Inglaterra. Daqui para frente falaremos, então, da atual conjuntura deste país a partir de artigos, de distintas visões, publicados nas revistas Veja, Carta Capital e Época, fora alguns artigos publicados no endereço eletrônico Centro de Mídia Independente.

Do Centro de Mídia Independente (CMI) foi retirado cerca de seis artigos falando direta e/ou indiretamente sobre o assunto sendo que um deles analisou, especificamente, o papel da imprensa o qual considero importante entender para compreender algumas visões de certos meios de comunicação. Rodrigo de Oliveira Andrade escreve no texto que a dita missão jornalistica foi sendo substituída aos poucos por uma ideia de prestação de serviços e assim visando resultados econômicos. Andrade ressalta que “...a dominação da prática jornalística pela atividade econômica, aos poucos, desdobra-se no surgimento de um conservadorismo político que tende a boicotar análises críticas à ordem social estabelecida, bem como alternativas ao modelo econômico vigente.”. Ele vai desenvolvendo esta ideia e dando alguns exemplos até chegar na questão da Inglaterra onde analisa a entrevista do sociólogo Sílvio Caccia Bavia ao Globo News. Nesta entrevista, embora Bavia inúmeras vezes tenha tentado contextualizar os fatos, os apresentadores sempre tentavam vincular a imagem dos jovens manifestantes como ladrões, criminosos, saqueadores, entre outros termos pejorativos, sem levar em consideração toda a situação econômica a qual é de extrema importância para que os telespectadores da Globo News entendam a real conjuntura das manifestações inglesas. Andrade termina a matéria dizendo: “...ao atribuir aos jovens manifestantes a alcunha de 'criminosos', a grande imprensa objetiva minimizar o viés sócio-político dos protestos, ocultando os efeitos de um sistema econômico excludente.”. Importante ressaltar que o jornalista omitindo sua opinião não tem o intuito de dizer que todos os meios de comunicação agem assim, até por que ele se utiliza de um desses meios. A crítica dele é direcionada a grande mídia. Neste contexto, segue, como mencionado no primeiro parágrafo, distintas visões, diferentes posicionamentos sobre o mesmo fato.

Na revista Veja o repórter Duda Teixeira, restringe-se em dizer que o problema não é de âmbito político mas sim de âmbito moral de cada indivíduo e que esse “...vandalismo que engolfou a Inglaterra mostra o que acontece quando o estado abdica de usar a força para proteger os cidadãos honestos.” trazendo, também, alguns questionamentos para sustentar a sua opinião. Teixeira cita o editorial do jornal New York Times o qual fala sobre o programa de austeridade e os cortes no gasto público, “'... de bibliotecas à polícia.'”, e a culpabilidade que isto tem referente as manifestações retratando, também, os saques de roupas de grife como uma justiça social que estava sendo feita pelos “'jovens desesperançados'”. Em seguida questiona o Times da seguinte maneira: “Corte de gastos, jovens sem oportunidades?” e prossegue dizendo que o primeiro argumento cai por terra pois o tal programa de austeridade ainda está no campo das promessas e sobre o segundo relata que acha muito difícil ver “...os vândalos da semana passada tornando-se subitamente alegres e gentis ao saber que as bibliotecas públicas não serão mais fechadas.”

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Bandidos de Terno

No ano de 2006 eu escrevi o meu primeiro poema com cunho de análise social. Após, a participação na Pastoral da Juventude e a simpatia pelas bandeiras de luta dos movimentos sociais, fizeram-me buscar mais leituras a respeito, tanto que cursei dois anos de Serviço Social pela UNOESC-SMO e hoje sou graduando do curso de Ciências Sociais da UFFS-Chapecó. Desta maneira fui direcionando cada vez mais os meus poemas para esta temática. O primeiro poema que escrevi nesta linha, chama-se Bandidos de Terno, e diz mais ou menos assim:


Bandidos de Terno

Os bandidos hoje em dia estão usando terno
E nas eleições juram amor eterno
Eles falam isso pelo Brasil inteiro
Na verdade o que eles querem é roubar nosso dinheiro
Cadê polícia? Pega ladrão
Que tá roubando o dinheiro do povão
Toda nossa nação por justiça está pedindo
Punir a corrupção, é nisso que acredito
Mas a negligência tomou conta do Brasil
Que a corrupção vá pra p...
Cadê polícia? Pega ladrão
Que tá roubando o dinheiro do povão
Os bandidos hoje em dia estão usando terno
E nas eleições juram amor eterno
Eles falam isso pelo Brasil inteiro
Na verdade o que eles querem é roubar nosso dinheiro
Toda nossa nação por justiça está pedindo
Punir a corrupção é nisso que acredito
Mas a negligência tomou conta do Brasil
Que a corrupção vá pra p...
Cadê polícia? Pega ladrão
Que tá roubando o dinheiro do povão


Na época (período de mensalão) simplesmente queria expressar minha revolta com nossos quadros políticos liberando meu sentimento em relação ao que estava ocorrendo. Contudo, hoje, lançando um olhar para a história da política no Brasil vejo que a corrupção é algo que faz parte da "cultura" brasileira.
Muitas pessoas, levadas por uma falsa ideologia propagada pelos grandes meios de manipulação e cuja é enraizada e reproduzida por nosso ilustre senso comum, julgam seus irmãos e companheiros proletariados quando estes roubam para sustentar a si e a sua família. Pessoas estas que as vezes não enxergam que os companheiros envolvidos com a criminalidade são vítimas dos bandidos de terno, os políticos*, os quais sonegam dinheiro que poderia ir para a saúde, para a educação e para tantas outras políticas públicas destinadas para a população e "garantidas" pelo artigo sexto da nossa querida e muito "respeitada" Constituição Federal.
O povo está esgotado com está situação, tanto que nem quer ouvir falar em política, achando que esta é somente partidária ou institucional, e sendo cada vez mais explorado por quem se aproveita desde sentimento da massa. Por isso eu clamo por justiça social. Cadê a polícia para trancafear estes abutres?! Pois um pai de família que rouba uma galinha para saciar a fome de sua esposa e filhos é preso rapidamente enquanto um f..., desgraçado que desvia dinheiro de toda uma população, fica solto, impune e ainda é capaz de se eleger novamente. Cadê a justiça, cadê a polícia? Esta que por vezes também é corrupta*.
Encerro este texto com outra poema de minha autoria por nome, O que está acontecendo com você, Brasil? :


O que está acontecendo com você, Brasil?

No Brasil país da corrupção
Até polícia e político é metido a Ladrão
Mas essa gente não sabe o que fala, essa gente não sabe o que quer
Essa gente não sabe o que fala, essa gente não sabe o que quer
Mas o que é o que?
Que tá acontecendo com você, Brasil?
Até a cidade maravilhosa
Está se tornando cidade calamidosa
Por causa da violência, do tiroteio e das pessoas mortas
Mas essa gente não sabe o que fala, essa gente não sabe o que quer
Essa gente não sabe o que fala, essa gente não sabe o que quer
Mas o que é o que?
Que tá acontecendo com você, Brasil
Brasil minha terra adorada
Brasil, oh pátria idolatrada
Precisamos ter mais consciência
Para um dia dar um fim a violência
Brasil minha terra adorada
Brasil, oh pátria idolatrada
Precisamos punir a corrupção
E lutar pelo bem do cidadão
Mas essa gente não sabe o que fala, essa gente não sabe o que quer
Essa gente não sabe o que fala, essa gente não sabe o que quer
Mas o que é o que?
Que tá acontecendo com você, Brasil?
Mas o que é o que, que tá acontecendo com você?


*Não estou com estas críticas generalizando todos os políticos e policiais